Explorando a Borgonha: do Escargot ao Grand Cru!
A Borgonha é o paraíso para os amantes de vinho! Por isso, não poderia ficar de fora do nosso roteiro enogastronômico pela França. Vamos contar um pouco do que passamos por lá...teve muito vinho, comidas deliciosas, outras nem tanto, e teve até neve!

Onde ficar?
- Beaune: a cidade de Beaune é a melhor base para quem quer explorar o enoturismo da Borgonha. Em torno dela estão os vinhedos mais prestigiados do mundo. É uma cidade muito charmosa, com vários restaurantes e comércio, além dos pontos turísticos como o famoso Hôtel Dieu, ou Hospices de Beaune, onde todo ano no terceiro domingo de novembro acontece o grande leilão de vinhos.

- Lyon: não é na Borgonha, mas quase. Lyon é uma das maiores cidades da França, histórica e moderna, e fica na região Rhône-Alpes, entre a Provence e a Borgonha, além de estar próxima da Suíça. Portanto, é um local bastante estratégico para os viajantes, principalmente os que viajam de trem. De carro até Beaune leva em torno de 1h e meia e também há conexão de trem.
Na foto, a região de Lyon Confluence, onde os rios Rhône e Saône se encontram.

Onde comer?
Indicamos estes locais que fomos na região e gostamos:
- L’Air du Temps: restaurante no centro de Beaune com um ambiente muito agradável, comida simples e saborosa a um preço justo. Pagamos pelo menu do dia (entrada, prato principal e sobremesa) 16 euros.

- Café de la Gare: restaurante em Charnay- lès- Mâcon, para quem estiver na região de Mâcon, Pouilly e Fuissé. Fomos almoçar numa segunda-feira e este era um dos poucos restaurantes abertos na região.
A comida era muito boa e não era caro. Foi aí que experimentamos escargot! Uma dúzia custava 13 euros. Perguntamos se não tinha meia dúzia, mas não rsrsrsr...Digamos que foi bom para matar a curiosidade, mas não é algo que queremos provar de novo tão cedo! Na verdade, acho que só conseguimos comer todos os 12 porque já havíamos degustado 12 vinhos antes!!!

- Confeitarias: não é à toa a fama da confeitaria francesa, que perdição!! Onde tiver uma pâtisserie aproveite para tomar um café com um dos muitos doces lindos e deliciosos!

Onde beber?
Como amantes de vinhos, não poderíamos deixar de explorar a região e visitar as vinícolas com o objetivo de conseguir provar o famoso Grand Cru. Mas o que é um Grand Cru? Vamos lá...
Tentar explicar a classificação dos vinhos da Borgonha em um post seria algo extenso e de certa forma confuso, e não seria o nosso objetivo aqui, mas, em resumo, nesta região os vinhos são classificados de acordo com a região geográfica, e, dentro dessa região, de acordo com a posição do vinhedo. Assim, em ordem crescente de qualidade, tem-se os vinhos Regionais, Comunais, Premier Crus e Grand Crus, estes últimos localizados nos melhores terrenos para o cultivo das uvas. O preço dos vinhos também aumenta significativamente conforme essa classificação. As uvas plantadas ali são Pinot Noir e Chardonnay.
Escolher vinícolas para visitar na Borgonha não é tão simples. São muitas, sim, mas nem todas abertas para visita.
A grande maioria das vinícolas não são como na América do Sul, onde a visitação é completa, conhecendo o vinhedo e o processo de produção, degustando alguns vinhos e finalizando na lojinha, onde é possível ver todos os vinhos expostos para compra, e muitas vezes com a opção de um almoço harmonizado no restaurante. Em geral, na Borgonha, são pequenas propriedades, também chamadas de Château, sendo necessário fazer contato (por e-mail ou telefone) com antecedência e verificar se elas recebem turistas. Muitas recebem apenas os importadores de vinho. Ou seja, se você não vai comprar, não visite...é mais ou menos assim que funciona!
Vamos descrever como foram algumas das que visitamos:
- Château de Beauregard
Localizado na região de Mâcon, ao sul da Borgonha, mais precisamente na cidade de Fuissé, onde a denominação mais famosa é a Pouilly-Fuissé, vinho branco produzido exclusivamente com uvas Chardonnay, que buscam frescor e elegância.
É uma região menos conhecida da Borgonha, não tem toda a fama dos vinhedos localizados ao norte, mas estão buscando seu espaço, e, pelo menos falando em qualidade, não ficam atrás.
A vinícola está situada em meio a uma paisagem incrível, onde se pode ver a grande extensão dos vinhedos e ao fundo as rochas de Solutré e Vergisson. Infelizmente no dia em que estivemos ali chovia bastante e não pudemos curtir muito este cenário, então fomos logo para o interior da propriedade, recepcionados pelo Sr. Bertrand, responsável comercial, que nos recebeu super bem, nos mostrando os locais de produção e guarda dos vinhos e explicando detalhadamente o processo e as curiosidades, dentre elas, a cave de mais de 200 anos, onde ainda há vinhos com mais de 100 anos de idade.


O ponto alto foi a degustação, em que nos foram apresentados 11 vinhos, sendo 7 brancos e 5 Beaujolais (vinho tinto da região mais ao sul). Os vinhos eram de uma qualidade surpreendente, e mesmo sendo da mesma uva, foi possível verificar diferenças significativas entre eles, devido às condições dos terrenos onde são plantadas as uvas.

Dos 7 brancos, 2 Pouilly-Fuissé estão em avaliação para se tornarem Premier Cru: o Château du Clos e o La Maréchaude.
Na vinícola não há venda de vinhos para consumidor final, para isso, é necessário ir até a cidade de Fuissé na Oenothèque Georges Burrier (Rouette du Clos . 71960 Fuissé), onde também é possível fazer degustação.
Mais informações em:
http://www.joseph-burrier.com/
- Romaneè – Conti
Localizada na comuna de Vosne-Romaneé, 20km ao norte de Beaune, visitar esta vinícola é praticamente impossível, pois é necessário, no mínimo, ser negociante de vinho. Porém, não poderíamos deixar de conhecer o vinhedo mais famoso do mundo! Para isso, não é necessário agendar, pois fica às margens de uma estradinha local, fácil de encontrar porque sempre terá um ou vários turistas tirando foto junto à cruz de pedra. O vinhedo possui apenas 1,8 hectares e produz um dos vinhos mais caros e considerado um dos melhores do mundo. Há apenas uma cerca baixa de pedra, com sinalização para não entrar e vigilância para segurança.
Nossa visita foi no final de outubro e fomos surpreendidos por uma leve nevasca, um pouco antes do período normal, o que deixou a paisagem ainda mais interessante.


O jeito mais fácil de chegar ali é de carro, ou contratando um serviço de passeio turístico, que é muito comum, partindo de várias cidades, inclusive de Lyon.
- Domaine Debray
Uma boa opção para degustações em Beaune é a Domaine Debray, pois fica dentro da cidade, sendo possível ir a pé para quem está no centro.
É uma vinícola pequena com produção em torno de 50 mil garrafas por ano, familiar, com atendimento muito simpático e atencioso da Sra Elisabeth. Tem uma visita padrão pelo processo produtivo e ao final uma degustação, sendo degustação + visita 12 euros ou apenas a degustação por 8 euros. Nessa degustação são provados 6 ótimos vinhos, 3 brancos e 3 tintos, sendo 3 Premier Cru.

Mais informações em:
https://www.domaine-debray.fr/?lang=en
- Le Caveau de Meursault - Moillard
Próxima de Beaune fica a cidade de Meursault, onde visitamos a Le Caveau de Meursault. Não havia visita, apenas um vídeo com apresentação da vinícola. A loja é muito bonita, com uma arquitetura moderna e uma vista maravilhosa dos vinhedos da região.

A degustação padrão também contava com 6 vinhos, sendo 3 Premier Cru, muito diferentes um do outro, demonstrando a complexidade da Bogonha. A grande surpresa ficou para o final....a Sra. Sarah nos presenteou servindo um Grand Gru Montrachet. Não poderia ter acabado melhor nosso tour pela Borgonha!

Sobre o vinho, realmente diferenciado, equilibrado, boa acidez, presença das frutas cítricas, amanteigado, untuoso e elegante.
Mais informações em:
Esse post é só para dar um gostinho e querer explorar mais a região, pois a Borgonha tem muito a oferecer aos turistas. Dúvidas sobre o planejamento da viagem? Estamos à disposição para organizar um roteiro personalizado!
Santé!